De acordo com o Censo 2022, mais da metade dos brasileiros se autodeclara negra (entre pardos e pretos). Isso reforça a importância de se dar a devida atenção à saúde da população negra. Sabe-se, por exemplo, que algumas doenças apresentam maior prevalência entre essa população. Além disso, o racismo traz uma série de impactos na qualidade de vida das vítimas.
De acordo com o Ministério da Saúde, há um consenso na literatura científica sobre a existência de doenças que aparecem com maior frequência na população negra. Isso acontece principalmente por fatores genéticos, além de questões ambientais e sociais. Entre as doenças, destacam-se:
É uma mutação genética que afeta as células vermelhas do sangue, conhecidas por seu formato arredondado e côncavo. Em casos de Doença Falciforme, a célula é produzida com a forma de meia lua, o que dificulta o transporte de oxigênio pelo corpo.
Segundo o Ministério da Saúde, a prevalência da Doença Falciforme na população negra varia de 6% a 10%, em comparação com as taxas de 2% a 6% na população brasileira geral.
Forma mais comum de diabetes, consiste na redução ou na interrupção da produção de insulina com o passar dos anos.
A doença afeta 9% mais homens negros do que os demais; mulheres negras são 50% mais afetadas do que as demais, segundo o Ministério da Saúde.
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Em condições normais, a pressão arterial de uma pessoa é igual ou não ultrapassa 140/90mmHg (14 por 9). Entretanto, esse valor pode aumentar como consequência de inúmeros fatores, como obesidade, tabagismo, excesso de sal, entre outros. No caso da população negra, a hipertensão se mostra mais difícil de controlar em comparação com a população branca.
Segundo estudo elaborado por pesquisadores da Unicamp, em parceria com a Harvard Medical School, fatores genéticos podem estar associados a essa dificuldade, mas questões de ordem socioeconômica também não podem ser descartados.
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Também conhecida como G6PD, a doença é de ordem hereditária e tem como característica a deficiência da enzima Glicose-6-Fosfato Desidrogenase, substância que protege as hemácias de possíveis lesões oxidativas e evita a hemólise (rompimento da membrana plasmática das células vermelhas).
A deficiência de G6PD pode levar a quadros de dor, infecções, anemia, icterícia e até mesmo lesão renal e complicações oculares.
O racismo contra negros afeta diretamente sua saúde e qualidade de vida. Esse impacto pode ser descrito em inúmeras situações, como a dificuldade de acesso de negros a serviços de saúde de qualidade, assim como o tratamento desigual oferecido a eles por questões raciais.
Além disso, sabe-se que o racismo está intimamente relacionado à piora da saúde mental das vítimas. Estudos tentam entender como o estresse é gerado e intensificado por experiências de discriminação ou mesmo pela estrutura social.
Além disso, de acordo com a Unicef, com base em informações do Ministério da Saúde, o índice de suicídio entre adolescentes negros é 45% maior do que em adolescentes brancos.
Por se tratarem, em grande parte, de doenças hereditárias, sua prevenção é bastante difícil sem o uso de técnicas de rastreamento pré-gestacional, reprodução assistida e aconselhamento genético.
Por outro lado, a adoção de hábitos saudáveis, como alimentação saudável e prática de exercícios físicos, pode ajudar a reduzir as chances de diabetes ou mesmo de hipertensão.
É possível, ainda, identificar a doença logo nos primeiros dias de vida, o que contribui diretamente para o bom manejo do quadro. O Teste do Pezinho, por exemplo, permite identificar a doença falciforme na triagem neonatal.
Por fim, o combate ao racismo é essencial para que os impactos da discriminação na saúde mental sejam eliminados, além de promover o acesso a serviços de saúde de qualidade para esse grupo.
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