Entenda qual a importância da doação de órgãos e tecidos

Quatro mãos sobrepostas, segurando um papel em formato de rim, um dos órgãos mais necessários na fila de doação.

Salvar vidas é o trabalho incessante que os médicos exercem no seu dia a dia. Para isso, muitas vezes, é necessário que a doação de órgãos e tecidos seja feita para que o paciente consiga melhorar sua qualidade de vida, ou mesmo continuar vivo.

Essa questão é bastante delicada e envolve uma série de argumentos e regimentos, como a Lei nº 9.434/2.007, que é regulamentada pelo Decreto nº 9.175/2.017, e dispõe da remoção de órgãos, tecidos e partes do corpo humano para fins de transplante e tratamento.

Neste artigo vamos entender mais detalhes sobre o tema, com a finalidade de esclarecer as particularidades dessa questão tão nobre que um ser humano pode proporcionar ao outro.

O que é a doação de órgãos e tecidos?

A doação de órgãos ou de tecidos é um ato pelo qual manifestamos a vontade de doar uma ou mais partes do nosso corpo para ajudar no tratamento de outras pessoas.

Dessa maneira, a doação pode ser de órgãos, os quais vamos listar abaixo:

  • Rim;
  • Fígado;
  • Coração;
  • Pâncreas;
  • Pulmão.

Do mesmo modo, existem sete tecidos que podem fazer parte da doação e transplante. Confira quais são:

  1. Coração
  2. Válvulas cardíacas;
  3. Fígado;
  4. Pulmão;
  5. Ossos;
  6. Medula Óssea;
  7. Rim;
  8. Pâncreas;
  9. Pele;
  10. Cartilagem;
  11. Sangue de cordão umbilical.

Doação em vida e após a morte

Se você tem a intenção de ser um doador de órgãos e tecidos é preciso informar esse desejo aos seus familiares, já que, após a morte, a decisão sobre a doação ficará a cargo deles. Nesse sentido, a legislação brasileira só dará continuidade ao processo com o consentimento da família. Falaremos um pouco mais dessa situação no próximo tópico.

Contudo, vale destacar que o procedimento de transplante tem suas particularidades, ou seja, há órgãos que podem ser doados ainda em vida, como o rim, bem como parte do fígado e da medula óssea.

Para que o procedimento de doação entre vivos tenha andamento, é necessário, no entanto:

  • Que o doador seja parente do receptor até quarto grau;
  • Que seja cônjuge de quem vai receber a doação;
  • Que tenha recebido autorização judicial para alguém com quem não tenha parentesco.

Para situações de doações de órgãos de falecidos, a doação só poderá ser concretizada se a causa for por morte encefálica. Geralmente, são indivíduos que sofreram algum tipo de acidente, como quedas, batidas de carro ou moto, entre outros. Também entram nessa condição aqueles que tiveram um acidente vascular cerebral (AVC) e que o quadro evoluiu para morte encefálica.

A morte encefálica é quando acontece a parada definitiva do encéfalo, que é o cérebro e tronco cerebral, provocando assim, a falência de todo o organismo. No caso de morte encefálica, podem-se doar os órgãos, mediante a autorização dos familiares.

Como funciona a doação de órgãos e tecidos no Brasil

Como não há dispositivo que ateste o desejo de tornar-se doador, é fundamental que o cidadão que esteja disposto a tornar-se um doador de órgãos e tecidos mantenha um diálogo constante com a família sobre o tema, para que eles entendam o seu consentimento. 

Além de ter que aguardar pela disposição de outros em se tornarem doadores, quem aguarda por um órgão enfrenta uma fila de transplante de órgãos

Qualquer pessoa pode ser doadora de órgãos e nenhuma religião é contra a doação. Basta apenas ser maior de 18 anos, ter condições adequadas de saúde e ser avaliado por um médico para realização de exames.

Para ser um doador em vida, você pode acessar o site da Aliança Brasileira pela doação de Órgãos e Tecidos (Adote), fazer seu cadastro e download do cartão de doador. Basta acessar o link: http://www.adote.org.br/.

Além do cadastro, é importante você falar para a sua família que deseja ser um doador de órgãos, para que após a sua morte, os familiares (até segundo grau de parentesco) possam autorizar, por escrito, a retirada dos órgãos.

Funciona assim: o potencial receptor deve estar inscrito em uma lista de espera para poder receber um órgão. Será respeitada a ordem da inscrição, assim como a compatibilidade e a gravidade de cada caso. A lista é única no Brasil todo, contudo, é organizada por estado ou por região, e é monitorada pelo Sistema Nacional de Transplantes (SNT) e por órgãos de controle federais.

QUEM NÃO PODE SER DOADOR DE ÓRGÃOS?

Portadores de doenças infectocontagiosas, como soropositivos ao HIV, hepatites B e C, Doença de Chagas, entre outras.

Pessoas com doenças degenerativas crônicas ou tumores malignos.

Pacientes em coma ou que tenham sepse ou insuficiência de múltiplos órgãos e sistemas (IMOS).

Desafios da doação no Brasil

A falta de conhecimento sobre o tema é um dos principais empecilhos para a doação de órgãos ou de tecidos no Brasil. Estima-se que, no país, metade das famílias entrevistadas não concorda que órgãos e tecidos sejam retirados para a doação.

Portanto, levar esse tema para a conversa com os familiares é a melhor alternativa para reverter esse quadro. Com informação e esclarecimento, seu desejo de tornar-se doador terá mais chances de ser respeitado.

Vale lembrar ainda que a doação de órgãos e tecidos não gera qualquer custo aos familiares e que o doador poderá ser velado normalmente, se for esse o desejo da família, sem qualquer dano visível ao corpo.

Impactos da pandemia na doação de órgãos

Como não poderia ser diferente, a pandemia do novo coronavírus causou uma série de impactos negativos à doação de órgãos ou de tecidos no mundo inteiro. Muitos infectados não puderam doar, visto que para que haja doação é necessário que as partes doadas estejam saudáveis.

Segundo o Registro Brasileiro de Transplantes, a taxa de doadores efetivos caiu 6,5% no primeiro semestre de 2020 se comparada com o mesmo período de 2019. Quando se confrontam os números de doadores no primeiro e no segundo trimestres, a queda é ainda maior, e chega a 26,1%.

Por isso, a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO) considera a situação muito preocupante e projeta um cenário complicado até que a crise da Covid-19 chegue ao fim.

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