Sequelas pós-Covid: quais podem ser e quanto tempo duram? Entenda!

Mulher cansada pós-Covid

Um diferencial do novo coronavírus (SARS-CoV-2), causador da Covid-19, em comparação com outros vírus exclusivamente respiratórios é que ele pode provocar problemas em diferentes órgãos do corpo, de forma conjunta – e geralmente provoca.

As vias respiratórias superiores servem de porta de entrada para que ele atinja as vias respiratórias inferiores, onde se localizam os alvéolos pulmonares, responsáveis pelas trocas gasosas. Assim, ele consegue acesso para circular na corrente sanguínea por todo o organismo.

Por isso, mesmo com o avanço da vacinação e do controle de casos da doença em todo o mundo, a medicina agora encontra um novo desafio em tratamento: as sequelas pós-Covid.

De acordo com a Prefeitura de São Paulo, estudos já foram realizados em diversos países da Europa comprovando que cerca de 87% dos pacientes apresentam persistência de, pelo menos, um dos sintomas da doença. Esse conjunto de problemas de saúde, recorrentes ou contínuos, foi nomeado de Síndrome pós-covid, Long COVID ou Late COVID.

Quais são as principais sequelas pós-Covid?

Os sintomas persistentes podem se apresentar de forma bem variada a cada paciente. Devido à recenticidade da pandemia, ainda não há o entendimento da ciência sobre todos os possíveis quadros. Muitos pacientes possuem manifestações generalizadas, como:

  • Cansaço/fadiga;
  • Dores de cabeça, musculares e nas articulações;
  • Febre;
  • Zumbido;
  • Dor de ouvido e/ou garganta;
  • Perda de paladar e/ou cheiro (parosmia);
  • Náusea e/ou apetite reduzido;
  • Diarreia;
  • Perda de peso.

No entanto, devido às grandes chances de uma inflamação multissistêmica, as sequelas pós-Covid também podem incluir complicações mais delicadas, bem como o desenvolvimento ou agravamento de outras condições de saúde.

Segundo a Organização Mundial da Saúde, elas costumam ocorrer principalmente em pessoas que apresentam fatores de risco, como idade e comorbidades subjacentes.

Sequelas no sistema respiratório

Como já esperado, o principal órgão que pode continuar comprometido após um quadro clínico grave de COVID-19 é o pulmão. Dessa forma, as tosses, a dificuldade para respirar, falta de ar e as dores no peito também são sintomas que costumam perdurar. No entanto, o maior risco para esses casos é o desenvolvimento de fibrose pulmonar.

À princípio, o vírus causa um edema pulmonar, que se caracteriza pelo acúmulo de líquido no interior dos pulmões. Sem intervenção médica, na fase seguinte da infecção, entre a segunda e a quinta semana, esses órgãos podem começar a apresentar os primeiros sinais de fibrose e ir avançando até que o tecido pulmonar se torna completamente fibrótico.

O comprometimento do nervo olfativo é outra sequela vista a longo prazo entre os pacientes recuperados, e isso provoca a perda da capacidade de sentir os cheiros.

O coronavírus prejudica essa região. Com essa área comprometida, as vias respiratórias superiores podem ficar inchadas e dificultar a entrada de informações sobre cheiros. Como consequência dessa alteração no funcionamento do nariz, o paladar também é afetado, visto que as duas estruturas (olfato e paladar) estão muito ligadas.  

Isso pode ser perigoso, ainda mais para aqueles que vieram de casos mais graves da enfermidade, porque afeta diretamente o apetite e pode contribuir ainda mais para a perda de peso. Porém é uma condição reversível: 

A maioria dos indivíduos recupera o olfato até um mês depois. Já outros podem levar mais de seis meses. 

Sequelas no sistema cardiovascular

Muitos pacientes que tiveram formas graves de COVID-19 apresentam também lesões miocárdicas, geralmente secundárias aos danos pulmonares graves. Elas podem decorrer de uma fibrose miocárdica, inflamação sistêmica ou da ausência de oxigênio suficiente nos tecidos para manter as funções corporais – condição chamada de hipóxia.

Esse quadro pode prejudicar algumas funções do coração, como o bombeamento correto do sangue para fora de suas cavidades, provocando palpitações e arritmias. Indivíduos com condições cardíacas pré-existentes estão mais propensos a elas e a um maior risco de mortalidade.

Sequelas neuropsiquiátricas

Ocasionalmente, em resposta à hiper inflamação sistêmica do organismo, as sequelas pós-covid podem incluir um declínio cognitivo de longo prazo. Segundo a OMS, há indícios de que isso ocorre porque o vírus SARS-CoV-2 pode atingir os sistemas nervosos central e periférico, e até mesmo alterar o funcionamento ou a estrutura do cérebro.

Dessa forma, os pacientes manifestam perda de memória, insônia, dificuldade de concentração, lentidão nos pensamentos e respostas, alterações de humor, psicose, disfunção neuromuscular e/ou doenças desmielinizantes. E vale ressaltar que esses sinais podem aparecer dias, semanas ou meses depois da recuperação.

Sequelas psicológicas

A pandemia mundial da COVID-19 e o distanciamento social por si só abalaram o emocional da maior parte da população, surtindo efeitos psicológicos negativos. Pessoas de todas as idades ficaram suscetíveis a traumas e condições relacionados à saúde mental.

Um estudo publicado na revista científica Nature apontou que o coronavírus pode causar alterações nas células e vasos cerebrais, inflamando os neurônios e provocando condições neuropatológicas e estresse pós-traumático (TEPT).

Muitos pacientes relataram experimentar sintomas ansiosos, como palpitações, suor excessivo, taquicardia, inquietação, tristeza e preocupação exacerbada constantemente. Por isso, a OMS também considera os quadros de ansiedade e depressão associados ao momento global e à doença como sequelas pós-covid.

As sequelas duram quanto tempo?

Atualmente, ainda não há dados suficientes de avaliação para que a medicina possa dar afirmações precisas sobre a persistência das sequelas pós-covid. Os casos ainda variam muito a cada paciente.

Bem como não se pode prever quais e quando essas manifestações aparecem, sendo até meses depois da recuperação do indivíduo, também não há um prazo de validade certo para o fim dos sintomas.

Assim, a recomendação dos órgãos oficiais de saúde é de que os pacientes procurem ajuda médica para o diagnóstico e acompanhamento do quadro. Ademais, toda a população deve prosseguir com os cuidados e prevenção à doença para proteger sua saúde e evitar complicações graves.

Como são tratadas as sequelas pós-covid?

Em primeiro lugar, é importante e necessário que o paciente receba uma avaliação abrangente do quadro e dos sintomas persistentes para se decidir os caminhos do tratamento. De acordo com o Governo Federal, devido à tempestade inflamatória e a possibilidade de diferentes órgãos afetados, pode-se precisar de um acompanhamento de diferentes profissionais e uma reabilitação específica.

O neurologista é um dos profissionais que pode realizar o diagnóstico geral e indicar os tratamentos para a reabilitação motora e cognitiva. Geralmente, são necessárias sessões de fisioterapia, associada com fonoaudiologia, para trabalhar o condicionamento motor e respiratório do indivíduo.

Especialistas apontam que as alterações pneumológicas e neurológicas mais comuns são as fadigas musculares e cardiorrespiratórias. Algumas pessoas chegam aos hospitais e clínicas apresentando uma capacidade e força muito baixas comparadas ao seu estado saudável anterior à doença. Os exercícios físicos e respiratórios visam fortalecer às áreas afetadas e diminuir a debilitação.

Para uma recuperação totalmente satisfatória, também há a possibilidade de um

tratamento medicamentoso paralelo, principalmente em casos de doenças emocionais, como ansiedade e depressão. Um acompanhamento psicológico pode ajudar no cuidado com a saúde mental e na qualidade de vida do paciente.

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