05/04/2023

Como saber se meu filho tem autismo? Conheça os primeiros sinais e saiba identificar

Menino com sensibilidade aos sons

Algumas crianças desenvolvem suas habilidades motoras, sensoriais, sociais, cognitivas e emocionais mais cedo, outras podem demorar um pouco mais. Por isso, nestes casos mais tardios, é comum que os pais se perguntem: como saber se meu filho tem autismo?

É certo que só um médico especializado pode fornecer um diagnóstico correto. No entanto, há alguns sinais que podem ser observados em crianças, principalmente a partir de 1 ano e meio, que justifiquem a busca por uma avaliação médica.

A princípio, é preciso entender o que é o autismo, pois se informar sobre o transtorno de forma aprofundada e com embasamento científico evita informações sensacionalistas, o que contribui para identificar os sinais com clareza.

O que é o Transtorno do Espectro Autista (TEA)?

De acordo com a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), o TEA é uma condição de saúde complexa caracterizada por distúrbios no neurodesenvolvimento. Ou seja, os indivíduos que com TEA têm comprometimento do comportamento social, na comunicação e na linguagem. Além disso, eles possuem interesses em atividades específicas com repetitividade de ações.

Tipos de autismo

Síndrome de Asperger

É a forma mais branda do transtorno, afetando, principalmente, as habilidades de interação social.

Transtorno invasivo do desenvolvimento

Crianças com esse diagnóstico possuem sintomas levemente mais graves do que a Síndrome de Asperger, porém mais leves do que os próximos tipos.

Transtorno autista

Este é o quadro mais característico, por isso, era usado para descrever tanto Asperger, quanto o transtorno invasivo. Nesse caso, os sintomas são mais graves do que nos tipos citados anteriormente.

Transtorno desintegrativo da infância

Dentro do espectro do TEA, este é o tipo mais grave, pois há um comprometimento mais grave das habilidades sociais, de linguagem e cognitivas.

Apesar de haver essa diferença dentro do espectro, em geral, os sinais são semelhantes, o que varia é a intensidade deles.

Além dos diferentes tipos, há diferentes níveis de intensidade dos sinais. São eles:

  • Nível 1: requer suporte. As dificuldades incluem comportamento inflexível, dificuldade de organização e planejamento e menor interesse em atividades sociais;
  • Nível 2: requer suporte substancial. Nesse nível há maior dificuldade em realizar interações sociais e de se comunicar verbalmente, por isso, interferem no dia a dia;
  • Nível 3: requer muito suporte. Há dificuldades graves de interação social, verbal e comportamental. Por exemplo, o comportamento inflexível, restrito e repetitivo interfere fortemente em várias áreas da vida e do dia a dia.

É preciso reforçar que a intensidade dos sinais também pode variar para o mesmo indivíduo conforme a idade e o início das terapias.

Sinais para saber se seu filho tem autismo

De acordo com o CRAS (Centro de Referência em Atenção à Saúde), existem vários sinais. Por isso, na presença de um ou mais destes sinais na criança, procure uma avaliação médica adequada.

Sinais de comprometimento social no transtorno do espectro autista

  • Não manter contato visual por mais de 2 segundos;
  • Não atender quando chamado pelo nome;
  • Isolar-se ou não se interessar por outras crianças;
  • Evitar falar (até mesmo não falar nada) ou não fazer gestos para mostrar algo;
  • Não imitar;
  • Não brincar de faz-de-conta.

Sinais relacionados ao comportamento no autismo

  • Alinhar objetos;
  • Não brincar com brinquedos de forma convencional;
  • Fazer movimentos repetitivos sem função aparente, por exemplo, estalar os dedos ou agitar as mãos.
  • Girar objetos sem uma função aparente;
  • Repetir frases ou palavras em momentos inadequados, sem a devida função (ecolalia);
  • Ter interesse restrito ou hiperfoco.

Sinais emocionais de transtorno do espectro autista

  • Ter hipersensibilidade ou hiper-reatividade sensorial, por exemplo, aversão extrema a alguns cheiros e texturas;
  • Ser indiferente quanto à temperatura e sensação de dor;
  • Ser muito preso a rotinas a ponto de entrar em crise;
  • Não compartilhar seus interesses.

É preciso reforçar que nem toda criança terá vários sintomas ou que eles serão nítidos. Em alguns casos, a criança pode crescer e envelhecer sem saber que tem TEA e os familiares também nunca terem notado. Em outros, os sinais podem ser tão discretos que o diagnóstico ocorre somente na vida adulta.

Por isso, apenas um médico especialista é capaz de fornecer diagnóstico adequado para o TEA. Caso identifique algum comportamento fora do comum, como exemplificamos, acima, é importante observar os sinais com atenção para que, durante a consulta, o máximo de informações adequadas seja fornecida ao médico. Vale ressaltar, que o diagnóstico não se dá por um exame e sim por meio de observação de comportamentos e do desenvolvimento da criança.

No entanto, cada criança possui seus próprios aspectos motores, sensoriais, sociais, cognitivos e emocionais. Por isso, lembre-se de analisar os sinais de acordo com as fases de desenvolvimento infantil, mas respeite as individualidades.

Papel dos pais para ajudar o filho com autismo

O primeiro passo para conseguir ajudar a criança com autismo, é conhecer e se informar sobre a condição, pois a disseminação de informações falsas apenas contribui para o preconceito.

Por exemplo, a informação de que vacinas causam autismo é falsa. Não há nenhuma comprovação científica que relacione os dois. As causas do autismo ainda não estão esclarecidas, mas sabe-se que há relação genética.

Além disso, os pais têm a responsabilidade de:

  • Incentivar e promover o autocuidado da criança: por exemplo, ensinar e estimular a realização das higienes pessoais sozinha, ter responsabilidade com tarefas e fornecer autonomia nessas atividades;
  • Entender as individualidades: nem todas as crianças são iguais, por isso aprenda o que deixa seu filho mais calmo e confortável, e evite situações de estresse;
  • Incentivar as relações sociais e interpessoais: por exemplo, realizar almoços em família e estimular a conversação em momentos leves;
  • Criar oportunidades: desde que não invasivas, para a criança desenvolver as habilidades sociais e de comunicação;
  • Trabalhar em conjunto com a escola e com profissionais capacitados para contribuir com o desenvolvimento da criança.

Ou seja, é fato que cada criança se desenvolve de uma maneira e no seu tempo. Por isso, a atenção dos pais sobre os sinais de comportamento que sugerem o TEA é imprescindível para um diagnóstico precoce, uma vez que um diagnóstico adequado permite uma intervenção de tratamento mais cedo e com maiores chances de sucesso na melhora do desenvolvimento infantil.

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