O que você precisa saber sobre a doença de Crohn

Médico com modelo de anatomia do cólon humano e lupa

A doença de Crohn é mais uma forma conhecida das chamadas doenças inflamatórias intestinais. Assim sendo, na maioria dos casos, essa é uma condição que afeta sobretudo o intestino delgado e o intestino grosso. No entanto, há registros de quadros em que ela prejudica outras partes do trato gastrointestinal (que começa na boca e termina no ânus).

Na prática, a doença de Crohn é considerada um problema crônico. Além disso, muita coisa a respeito da sua evolução não é bem compreendida pelos médicos. De qualquer forma, o diagnóstico e o acompanhamento da condição podem contribuir com a manutenção do bem-estar de quem sofre com ela.

O que entendemos sobre as causas da doença de Crohn?

Não há consenso entre especialistas sobre o que desencadeia a doença de Crohn. Apesar disso, existem algumas suspeitas. Entre as que mais chamam a atenção estão:

  • Alterações autoimunes, em que o sistema de defesa ataca o próprio corpo, provocando a inflamação. Há indícios que os microrganismos presentes no intestino estariam envolvidos nesse processo, despertando uma resposta imune inadequada.
  • Carga genética, pois parece haver uma tendência maior de que familiares com a doença aumentem o risco de uma pessoa também tê-la.
  • Fumar, manter uma dieta rica em gordura e fazer o uso a longo prazo de determinados medicamentos, ainda que isso precise ser melhor investigado.

Em geral, acredita-se que o estresse não causa a doença de Crohn, mas possa piorar os seus sintomas. Além disso, não existem alimentos que aumentem o risco de ter o problema, mas pode acontecer de certos itens agravarem a condição.

Seja como for, independente da causa, é notável que o número de diagnósticos da doença de Crohn está aumentando, inclusive no Brasil. Estudo publicado em 2021 estima que o volume de casos do problema cresce, em média, 12% ao ano no país.

Quais são os principais sinais e sintomas dessa doença?

O paciente com doença de Crohn costuma perceber primeiro alterações como diarreia persistente (com ou sem muco e, às vezes, com traços de sangue), dor e distensão na barriga e perda de peso não intencional. Além desses sintomas mais comuns, é possível ainda que surjam outras alterações que vão além do intestino. Entre elas estão:

  • Fadiga.
  • Perda de apetite.
  • Náuseas.
  • Anemia.
  • Febre.
  • Dores nas articulações.
  • Dores e vermelhidão nos olhos.
  • Alterações na pele, incluindo inchaço e aumento de sensibilidade.
  • Ulcerações na boca e no tubo digestivo.
  • Fistulas, fissuras e hemorroidas na região anal.

A gravidade dos sintomas costuma variar conforme a intensidade da inflamação e de que parte do trato gastrointestinal ela atinge.

Como o diagnóstico da doença de Crohn costuma ser feito?

A partir do momento que os sintomas não melhoram com o tempo ou parecem piorar, o ideal é procurar ajuda médica. Quando o profissional levanta a suspeita da doença de Crohn, ele costuma solicitar uma combinação de exames laboratoriais ou de imagem, inclusive para avaliar se existem outras condições que explicam os sintomas.

Entre os recursos mais utilizados para esse fim estão avaliações físicas, testes laboratoriais (a partir do sangue e das fezes) e exames de imagem, como a endoscopia e a colonoscopia.

Às vezes, junto da colonoscopia (em que um instrumento com uma câmera na ponta é introduzido no reto do paciente anestesiado) também pode ser feita a coleta de um fragmento do tecido de partes do intestino. Assim, é possível avaliar se há lesões que sugiram o quadro inflamatório característico da doença de Crohn.

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Quais as opções de tratamento disponíveis?

A doença de Crohn não tem cura e nem é controlada com apenas um único tratamento. Na maioria dos casos, são combinadas várias opções de terapia, levando em conta a intensidade do quadro. Desse modo, o paciente pode receber a prescrição de:

  • Determinados medicamentos, sobretudo para controlar a inflamação e amenizar os sintomas.
  • Recomendações nutricionais específicas, para evitar o agravamento do problema e para prevenir a desnutrição, o que não é incomum nesses quadros por conta da dificuldade de absorção de determinados nutrientes.
  • Repouso intestinal, em que, nos casos mais graves, o paciente é orientado a restringir a alimentação por alguns dias, utilizando no lugar suplementos e outros recursos nutricionais.
  • Cirurgias específicas do trato gastrointestinal, para tratar complicações como fístulas, obstruções intestinais e hemorragias.

Em longo prazo, é preciso observar que pacientes convivendo há muito tempo com a doença de Crohn podem ter um risco maior de desenvolver quadros de câncer colorretal. Portanto, pode ser necessário reforçar medidas de rastreamento, com o objetivo de identificar precocemente lesões que podem dar origem a um tumor.

A doença de Crohn é uma condição potencialmente grave e nem sempre fácil de ser identificada. Todavia, com o acompanhamento adequado é possível agir para melhorar a qualidade de vida de quem sofre com o problema e evitar as complicações associadas a ele.

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