A taxa de obesidade no Brasil é de 26,8% entre a população adulta. Já em todo o mundo, 800 milhões de pessoas são obesas. Elas enfrentam uma série de desafios para conviver em sociedade e correm risco de desenvolver outros problemas de saúde, que podem prejudicar a qualidade de vida ou até mesmo levar à morte. Dessa maneira, a expectativa da Organização Mundial da Saúde é que, em 2025, os custos médicos com as consequências da obesidade atinjam 1 trilhão de dólares.
Para chamar a atenção para essa condição, no dia 4 de março, ocorre o Dia Mundial da Obesidade. A data alerta para o fato de que a obesidade é uma doença crônica em ascensão que pode ser enfrentada com reconhecimento, monitoramento, prevenção, tratamento de saúde e enfrentamento estrutural.
Por isso, separamos 10 fatos que você precisa saber sobre obesidade. Confira a seguir.
Desde 2013, a obesidade passou a ser considerada uma doença pela organização médica mais influente do mundo, a American Medical Association. Desde então, passou a ser listada na Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID 10 – E66).
A decisão causou controvérsia, pois parte da sociedade acredita que tratar a obesidade como doença aumenta o estigma associado aos indivíduos que convivem com essa condição. O objetivo desse reconhecimento, no entanto, foi fortalecer o enfrentamento da obesidade como uma questão mundial de saúde.
Independentemente de sua classificação, é consenso que a obesidade é uma condição de alta complexidade multicausal, influenciada por fatores biológicos, saúde mental, propensão genética, ambiente social, econômico, cultural e familiar, consumo de alimentos ultraprocessados e acesso aos cuidados em saúde.
Pessoas que convivem com a obesidade têm mais risco de sofrer de inúmeras outras doenças crônicas, que estão ligadas à mortalidade precoce e à redução da qualidade de vida. As principais comorbidades relacionadas à obesidade são:
Pessoas que vivem com obesidade são estigmatizadas e associadas a uma série de características negativas como preguiça, desleixo ou fracasso. A gordofobia é o preconceito social relacionado à obesidade que parte do pressuposto de que o peso corporal pode ser modificado exclusivamente pela força de vontade.
Além de gerar discriminação e exclusão nas relações sociais, profissionais e afetivas, esse desconhecimento constrange pessoas com obesidade, que acabam não procurando cuidados especializados por medo do julgamento dos próprios profissionais.
A obesidade é frequentemente originada por forças que estão fora do controle do paciente. De acordo com a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, fatores biológicos e genéticos contribuem em 70% para que uma pessoa desenvolva obesidade.
Além disso, o ambiente em que crescemos exerce enorme influência na capacidade individual de levar uma vida saudável. Os hábitos familiares, a qualidade dos alimentos disponíveis, os vínculos emocionais relacionados à alimentação, a educação em saúde e a prática de atividades físicas são alguns dos pontos que se combinam, de forma complexa, para resultar ou não na obesidade.
O peso é um indicador importante para a obesidade. De fato, é o mais famoso, sendo o IMC (índice de massa corporal – que relaciona peso e altura) o parâmetro utilizado para classificar a gravidade da doença, que pode ser classificada como obesidade grau I, grau 2, grau 3 ou mórbida.
No entanto, o tratamento da obesidade deve focar na melhoria geral da saúde, e não apenas na balança. É possível que, com acompanhamento especializado, uma pessoa consiga gerenciar seus hábitos de vida para ter bem-estar, ser ativa e prevenir outras doenças mesmo que ainda esteja com o IMC elevado.
De forma geral, o tratamento deve passar pelo cuidado de diversos profissionais de saúde, como médico, nutricionista, psicológico e educador físico. Além de medidas para uma ingestão adequada de nutrientes e calorias, e de incentivar o paciente a sair do sedentarismo, entender (e curar) as emoções envolvidas na alimentação é fator determinante para o sucesso do tratamento.
Em alguns casos, dependendo de avaliação médica, é possível utilizar medicamentos que auxiliem no processo de emagrecimento. Para alguns pacientes, também pode haver indicação de cirurgia bariátrica.
No caso de pessoas que convivem também com outras doenças, é importante tratá-las de forma simultânea. O controle da depressão, por exemplo, pode favorecer o tratamento contra a obesidade.
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O Guia Alimentar para a População Brasileira divide os alimentos em quatro grupos:
Essa classificação é mundialmente reconhecida por diferenciar tipos de alimentos de acordo com o nível de processamento. Os alimentos in natura são aquilo que conhecemos como comida de verdade: frutas e verduras por exemplo. No outro extremo, estão os ultraprocessados como refrescos em pó ou refrigerantes.
A recomendação para uma saúde equilibrada é que as pessoas busquem inserir no dia a dia principalmente alimentos in natura e minimamente processados de origem vegetal, pois os estudos mostram que o consumo de comida ultraprocessada leva ao aumento de peso.
Esse hábito é visto pela comunidade científica internacional como um dos principais motivos para o crescimento dos índices de obesidade porque os alimentos ultraprocessados estimulam o apetite e, por isso, tendem a ser ingeridos de forma mais rápida e em maior quantidade — o que é bastante ruim, já que não oferecem nutrientes como vitaminas e minerais, e são ricos em calorias, gorduras ruins e aditivos químicos que afetam todo o metabolismo.
O senso comum nos diz que alcançar um peso corporal adequado é apenas uma questão de comer menos e se exercitar mais. No entanto, diversos estudos científicos apontam que dietas restritivas multiplicam o risco de pessoas que têm predisposição individual, psicológica, familiar ou genética manifestarem transtornos alimentares.
Um dos transtornos que pode ser desencadeado por um histórico pessoal de restrições dietéticas é a compulsão alimentar, que está presente em pelo menos 40% dos indivíduos com obesidade.
Dentro desse contexto, um campo de estudo que vem ganhando terreno é o da nutrição comportamental, que entende que comer vai além de simplesmente suprir uma necessidade de nutrientes: envolve também sociabilidade, arranjos familiares, memórias afetivas, busca de prazer, entre outros contextos dos mais diversos. Com isso em vista, em vez de focar na prescrição de dietas rígidas, a nutrição comportamental busca ressignificar a relação do paciente com a alimentação.
Antes reconhecida como um desafio para países ricos, a obesidade vem crescendo mais rapidamente nos países em desenvolvimento, como Índia, Indonésia, Egito, México e Brasil. O principal motivo é a mudança na composição das dietas desses países, que historicamente consumiam grãos e cereais, mas têm ampliado a ingestão de gorduras, açúcar, óleos e produtos de origem animal.
Muitos deles enfrentam, simultaneamente, problemas como desnutrição e sobrepeso. A obesidade é especialmente prevalente em comunidades mais pobres e vulneráveis.
A obesidade entre crianças e adolescentes quintuplicou nas últimas décadas e deve crescer 60% nos próximos anos, afetando 250 milhões de crianças até 2030.
Esse é um dado alarmante porque pode afetar toda uma geração de pessoas, que estarão, cada vez mais cedo, propensas a se tornarem vítimas de doenças crônicas. Por isso, combater a obesidade infantil é um desafio urgente de saúde em todo o mundo.
Além da educação nutricional para as famílias, é importante que os governos trabalhem em soluções estruturais. A Organização Mundial de Saúde recomenda medidas como restrição da publicidade infantil de alimentos e bebidas ricos em gordura, sal e açúcar, taxação de bebidas açucaradas e políticas de acesso à alimentação saudável de baixo custo.
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