A frase “somos aquilo que comemos” é atribuída geralmente ao filósofo grego Hipócrates. Ele viveu 2400 anos atrás é considerado até hoje o patrono da Medicina. Mas se do ponto de vista físico essa relação parece direta (a nossa dieta se reflete no nosso peso, disposição, entre outros aspectos aparentes), como funciona a relação entre hábitos alimentares e saúde mental?
Não existe resposta simples para isso, mas é possível afirmar que essa é uma via de mão dupla. De um lado, certos alimentos podem influenciar no nosso bem-estar psíquico. De outro, nosso humor pode influenciar nossa relação com a comida, fazendo dela algo extremamente complexa, conforme mostrado ao longo deste texto.
Afinal, o que são hábitos alimentares?
Hábito, de modo geral, é tudo aquilo que fazemos de forma frequente e repetida, como um costume. Assim, se todo dia você leva seu pet para dar uma volta no quarteirão, isso é um hábito.
Tal conceito pode ser estendido para a questão alimentar. Nas definições mais abrangentes, esse termo pode ser compreendido como o conjunto de escolhas e meios pelas quais um indivíduo se alimenta. Na prática, isso engloba quais alimentos são escolhidos, como eles são preparados, quando eles são consumidos e onde isso acontece.
A partir disso, é preciso considerar que tal comportamento é sempre mediado por inúmeros fatores, já que em praticamente todas as circunstâncias fazemos da alimentação uma rotina cercada de regras, valores e significados próprios.
Assim sendo, o ambiente familiar, a disponibilidade de renda, o nível educacional, a influência da mídia e uma série de componentes emocionais e psicológicos podem ajudar a estabelecer determinadas predileções em uma rotina alimentar.
Com isso, hábitos alimentares bons ou ruins podem se consolidar, trazendo reflexos para a saúde, sobretudo no longo prazo. Por isso, reconhecer como nossa alimentação influencia no bem-estar pode ser um exercício de autoconhecimento importante.
Saiba mais: Confira o potencial benéfico que os alimentos funcionais podem proporcionar
Como os hábitos alimentares e saúde mental se relacionam?
Quando pensamos na saúde física, é fácil entender sua relação com a alimentação. Com o tempo, hábitos ruins (dietas com muitas calorias, por exemplo), podem elevar o peso e favorecer o desenvolvimento de uma série de doenças crônicas. Mas e quando falamos na saúde mental?
De um lado, o que comemos pode influenciar no nosso ânimo por conta dos impactos sobre o sistema gastrointestinal. Embora muito ainda precise ser esclarecido, já se sabe que desequilíbrios nessa região do corpo por conta de uma dieta ruim podem favorecer flutuações de humor, uma vez que ela está conectada com o que acontece no cérebro. Não por menos, o intestino vem sendo chamado de “segundo cérebro” há algum tempo.
De outro, muitos dos hábitos alimentares construídos ao longo da vida podem ser reflexo daquilo que se passa nas nossas emoções. Basta pensar na forma como muitos de nós usamos a comida como uma forma de conforto ou de recompensa em momentos ruins.
Em muitos casos, isso recebe o nome de “comer emocional”. Esse tipo de comportamento faz com que a pessoa procure pelo alimento mesmo quando não há sinais de fome física (que é aquele que sentimos naturalmente, depois de um tempo sem comer). Tal sensação costuma refletir na busca por um alimento específico (chocolate é o mais comum), principalmente em busca de aplacar algum sentimento negativo.
Tal situação se torna preocupante quando ela se repete constantemente, fazendo com que a pessoa coma mais do que o necessário com frequência e sempre que não encontra outra forma para lidar com seus sentimentos e emoções.
Ao mesmo tempo, a pessoa que come demais pode tentar “compensar” posteriormente tal comportamento com dietas restritivas, que não costumam ser a melhor opção. Esse tipo de abordagem pode piorar a relação com a comida e desencadear transtornos alimentares.
Leia também: Dietas da moda: saiba identificar uma dieta que pode ser prejudicial à sua saúde
Como construir hábitos alimentares mais saudáveis?
É claro que pode ser difícil mudar um hábito alimentar. Qualquer solução que prometa isso do dia para a noite tem grandes chances de não dar certo. Com isso em mente, quem quer (ou precisa) ajustar sua alimentação deve considerar três etapas na construção de melhores hábitos:
- Reflita sobre seus hábitos atuais, sejam eles bons ou ruins. Isso ajuda a identificar padrões e notar gatilhos para determinadas situações (como quando se está triste ou ter sempre a necessidade de um petisco para ver TV);
- Substitua comportamentos ruins por opções mais saudáveis, sempre que possível. Deixar de comer na frente de telas pode ser importante para prestar mais atenção nos alimentos e mastiga-los mais, o que acelera a sensação de saciedade;
- Reforce esses novos hábitos e seja paciente consigo mesmo. Não é preciso desistir da mudança diante de um pequeno “deslize” e nem coloque tudo a perder por conta de uma escolha específica (comer em uma festa de aniversário, por exemplo).
Em suma, considere sempre que a relação entre hábitos alimentares e saúde mental é algo envolto em inúmeras variáveis. Portanto, é natural que alguns de nós precise de suporte profissional para ajustar aquilo que não vai bem na relação de cada um com a comida. Se você acha que esse é o seu caso, não hesite em buscar ajuda qualificada.
Não vá embora sem antes conferir dez dicas para manter uma alimentação saudável.