Quando procurar um psicólogo? 6 sinais e motivos comuns

Homem em sessão de terapia com psicólogo que está escrevendo

Verbalizar (e ouvir) os próprios pensamentos e sentimentos é um modelo aceito mundialmente como meio de buscar o autoconhecimento, amenizar o sofrimento psíquico e agir em prol da alteração de padrões comportamentais. Se contar para alguém próximo o que pensamos pode representar um alívio enorme, imagine o benefício de se abrir em uma conversa com um profissional treinado em tratar a mente humana.

O Brasil conta com quase 400 mil psicólogos em atuação, segundo o Conselho Federal de Psicologia. Esses profissionais estão capacitados para acolher e apoiar pessoas que buscam terapia.

Ao contrário do que muita gente pensa, não é necessário ter o diagnóstico de uma doença mental para contar com a ajuda de um psicólogo. A psicoterapia pode trazer benefícios para toda pessoa que esteja passando por um momento de insatisfação, dificuldade de lidar com um relacionamento amoroso, familiar ou profissional, que tenha necessidade de aumentar o autoconhecimento ou que busque melhorar a saúde mental.

Normalmente a pessoa chega ao consultório com uma queixa específica e o profissional vai direcionando os diálogos e as perguntas para fazê-la refletir sobre os diversos fatores envolvidos direta ou indiretamente com aquela questão. O psicólogo é, portanto, um facilitador do trabalho que é realizado pela própria pessoa ao olhar para si mesma.

E você, já pensou em contar com o trabalho especializado de um psicólogo? Entenda alguns dos motivos mais recorrentes que levam pacientes para a terapia.

1. Diagnóstico de doenças mentais

Quando existe o diagnóstico para doenças de média ou alta complexidade e duração, como a depressão, o transtorno de ansiedade generalizada, o autismo, a bipolaridade e a dependência química, normalmente o paciente conta com o acompanhamento médico e o uso de medicamentos.

Esse viés de tratamento, necessariamente, deve ser complementado pelo acompanhamento de um psicólogo. O profissional ajuda o paciente a compreender a natureza da doença e dos seus impactos no dia a dia, a lidar com os sentimentos mais difíceis e a estimular que construa um caminho para superar as dificuldades.

2. Luto, traumas ou perdas

A psicoterapia também pode ser buscada para abordar queixas mais pontuais e limitadas. É o caso de alguém que viveu uma situação traumática e desenvolveu algum tipo de ansiedade ou fobia; de uma pessoa que perdeu o emprego e não está conseguindo lidar com sentimentos de frustração, baixa autoestima e insegurança; ou de um indivíduo que está com dificuldade de superar o luto pela perda de uma pessoa amada.

Nesses casos, o terapeuta ajudará o paciente a descobrir em si mesmo quais são os sentimentos envolvidos naquela situação dolorida, o que o impede de avançar e como construir novos caminhos a partir dali.

3. Dificuldades de relacionamento

Relacionamentos são naturalmente desafiadores e complexos, uma vez que envolvem sentimentos, expectativas, comportamentos, desejos e planos de mais de uma pessoa. Dessa forma, mesmo casais que querem ficar juntos podem passar por momentos difíceis na relação.

A mediação de um psicólogo especializado em terapia de casal pode facilitar a comunicação entre o casal, além de ajudar cada um individualmente a compreender e trabalhar seus desejos e incômodos.

4. Relação desafiadora com a família

Assim como os relacionamentos amorosos, famílias são sistemas complexos, compostos por várias pessoas, que assumem papéis distintos e impactam a forma como vivem e se relacionam com os demais membros envolvidos.

Quando há dificuldades nesse relacionamento, psicólogos especializados em terapia de família podem ser fundamentais para melhorar o entendimento, a comunicação, a expressão de sentimentos e de ideias no âmbito familiar.

5. Momento de transição

Quando estamos mudando de etapa na vida, é comum sentir dúvida, insegurança e até mesmo ficar paralisado, sem saber como agir. Isso pode ocorrer, por exemplo, quando um adolescente precisa escolher o curso que fará na faculdade, quando alguém resolve se casar ou quando uma pessoa está considerando mudar de cidade ou país.

O psicólogo nunca dará a resposta pronta para a pessoa, afinal, apenas ela pode decidir o que é melhor para si mesma. Porém, ele consegue acompanhar qual é o nível de ansiedade, medo e outros sentimentos envolvidos naquela escolha, e vai trabalhando todos esses aspectos junto com o paciente.

6. Busca por autoconfiança, autoconhecimento ou mudança de padrões

Muitas pessoas buscam acompanhamento psicológico mesmo que não tenham uma queixa pontual. Normalmente, sentem alguma angústia, desconforto ou vontade de mudar e evoluir. Nesses casos, elas vão trazendo esses temas para as sessões e o psicólogo vai conduzindo a conversa, auxiliando a identificar quais padrões de pensamento e comportamento estão causando a insatisfação, que traços da história de vida da pessoa podem ajudar a explicar aquele cenário e como ela pode caminhar para alterá-lo, se assim desejar.

Saúde mental no Brasil

De acordo com instituto Market Analysis, apenas 2% da população adulta dos principais centros urbanos faz terapia atualmente, a mesma porcentagem encontrada em 2002 quando a primeira medição foi realizada. Esse número é muito baixo, especialmente quando se olha para os dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), que mostram que 25% das pessoas nas Américas sofrem de doença mental.

O Brasil é o país com o maior percentual de pessoas com quadros de ansiedade, totalizando 9,3% da população. Além disso, 11,5 milhões de brasileiros sofrem com depressão. Isso nos torna a nação mais depressiva da América Latina e a segunda colocado no mundo, ficando atrás apenas dos Estados Unidos.

A OMS alerta que os transtornos mentais são responsáveis por quase um terço dos anos vividos com deficiência em todo o planeta. Também estão ligados a condições potencialmente fatais, incluindo câncer, doenças cardiovasculares, diabetes, HIV e obesidade. Dados da organização apontam que 80% das pessoas com probabilidade de sofrer um episódio de transtorno mental na vida vêm de países de baixa e média renda.

Saúde mental na pandemia

Durante a pandemia, houve um avanço significativo das queixas relacionadas à saúde mental. A OMS destaca, por exemplo que o isolamento acentuado pode fazer com que idosos fiquem mais ansiosos, com raiva, estressados e agitados. Além disso, o fluxo quase constante de notícias sobre contaminações e mortes deixam qualquer um ansioso ou angustiado.

Da mesma forma, a redução do contato com amigos e familiares, a restrição das opções de lazer e de prática esportiva e o enfrentamento de consequências da pandemia, como desemprego, insegurança financeira e problemas de saúde vêm abalando psicologicamente a população.

Uma pesquisa realizada pela UERJ em parceria com a Universidade de Yale mostrou que os casos de depressão no Brasil praticamente dobraram entre os entrevistados, enquanto as ocorrências de ansiedade e estresse tiveram um aumento de 80% nos primeiros meses de pandemia.

  • De acordo com os dados analisados, as mulheres são mais propensas do que os homens a sofrer com estresse e ansiedade durante a quarentena.
  • Outros fatores de risco são: alimentação desregrada, doenças preexistentes, ausência de acompanhamento psicológico, sedentarismo e a necessidade de sair de casa para trabalhar.
  • Para depressão, as principais causas são idade mais avançada, ausência de crianças em casa, baixo nível de escolaridade e a presença de idosos no ambiente doméstico.

Terapia online

Em contraposição ao agravamento do cenário de saúde mental nacional, o atendimento nos moldes convencionais, realizado no consultório, foi dificultado devido aos riscos de contaminação pelo novo coronavírus. Como resultado, houve uma massificação dos atendimentos psicológicos virtuais, com o uso de chamadas de vídeo e de voz.

No Brasil, esse modelo de acompanhamento remoto já está regulamentado desde 2018. No entanto, era necessário que o psicólogo informasse e justificasse as sessões realizadas nesse formato. Durante a pandemia, o Conselho Federal de Psicologia removeu a exigência da comunicação, popularizando essa alternativa.

Se, por um lado, a nova realidade envolveu algumas adaptações, como encontrar um espaço de privacidade em casa e garantir uma conexão de internet boa o suficiente para a chamada de vídeo fluir sem interrupções, por outro facilitou o acesso e permitiu que mais pessoas se beneficiassem da psicoterapia.

A pesquisa da UERJ aponta que as pessoas que recorreram à psicoterapia pela internet apresentaram índices menores de estresse e ansiedade na comparação com aquelas que não buscaram ajuda.