O câncer do colo do útero é o quarto tipo de câncer mais comum entre mulheres no mundo todo, com cerca de 570 mil novos casos por ano, segundo estimativa feita em 2018 pela Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC). No Brasil, ele é o terceiro tipo de tumor maligno mais incidente na população feminina, atrás apenas do câncer de mama e do câncer colorretal. De acordo com dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), foram estimados 16.710 novos casos somente para o ano de 2022.
Apesar dos números ainda serem altos, existem duas formas eficazes de prevenir esse tipo de câncer: a vacinação e o uso de preservativo nas relações sexuais. Isso porque os dois tipos mais comuns de câncer de colo de útero, carcinomas epidermoides e os adenocarcinomas, estão associados ao contágio pelo HPV, uma infecção sexualmente transmissível (IST).
Além disso, é importante consultar o ginecologista todos os anos para que seja realizado o exame preventivo (Papanicolau). Ele também é essencial para a identificação precoce de quaisquer alterações uterinas e sinais do câncer de colo do útero.
O câncer de colo do útero, também chamado câncer cervical, é um tipo de tumor maligno caracterizado pela replicação decélulas anormais que se desenvolvem no útero e começam a crescer fora de controle. Essas células podem invadir estruturas e órgãos próximos e distantes do útero. A doença tem incidência maior em mulheres com mais de 25 anos e sua evolução costuma ser lenta, não apresentando muitos sintomas em seu estágio inicial.
Em seu estágio mais avançado, o câncer de colo do útero começa a apresentar alguns sintomas como sangramento vaginal fora do período menstrual, corrimento frequente e dor pélvica.
Geralmente, as lesões iniciais do câncer de colo do útero não apresentam sintomas. Por isso, a doença é considerada silenciosa em seu estágio inicial, podendo ser identificada, nessa fase, apenas durante o exame preventivo. Com a evolução da doença, alguns sintomas podem começar a aparecer. Os principais sinais são:
Embora alguns desses sintomas possam ser causados por outras razões, como a endometriose (presença do endométrio – tecido que reveste o interior do útero – fora da cavidade uterina), é preciso procurar um ginecologista sempre que houver essas ou outras alterações uterinas. Só um médico especializado é capaz de fazer uma avaliação e solicitar exames capazes de identificar o motivo dos sintomas.
Quando o câncer de colo do útero é diagnosticado precocemente, ainda nas lesões iniciais ou pré-cancerosas (intraepiteliais), as chances de cura são de até 100%. Apesar dos sintomas não aparecerem no começo, o que torna o diagnóstico mais difícil, é possível identificar a doença em exames preventivos. A partir da alteração no Papanicolau, o médico pode solicitar alguns exames para fechar o diagnóstico. Por isso, é de extrema importância consultar um ginecologista todos os anos.
Nos casos mais avançados, os sintomas começam a aparecer. A partir dos sintomas relatados pela paciente, o ginecologista solicitará exames específicos para investigar suas causas.
Os principais exames para diagnosticar a câncer de colo uterino são:
O Papanicolau é um exame feito para colher as células do colo do útero para serem analisadas em laboratório. É a principal forma de detectar lesões que, no futuro, podem desencadear no câncer de colo de útero. Quando os resultados são considerados anormais, outros exames devem ser realizados para que o diagnóstico correto seja feito.
Este exame avalia todo o trato genital inferior feminino. Ele analisa a vagina e o colo do útero através de um colposcópio, equipamento que possui lentes de aumento para uma melhor avaliação. Quando são encontradas anormalidades, a biópsia pode ser solicitada. Através dela, são recolhidas amostras dos tecidos para uma melhor análise e um diagnóstico preciso.
Além do Papanicolau e da colposcopia com biópsia, outros exames podem ser necessários para uma melhor avaliação e um diagnóstico correto. Eles costumam ser solicitados após a análise de cada caso e da gravidade dos sintomas ou lesões. Veja os principais:
Alguns fatores aumentam o risco de desenvolver câncer de colo do útero. Entre eles estão fatores genéticos, o início precoce da atividade sexual, ter múltiplos parceiros sexuais, fumar, má higiene íntima e uso de anticoncepcionais orais. O principal fator de risco, entretanto, é a infecção persistente por subtipos oncogênicos do vírus Papilomavírus Humano, o HPV, doença transmitida principalmente através do contato sexual. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), os subtipos HPV-16 e o HPV-18 são responsáveis por cerca de 70% dos tumores malignos de colo do útero. Isso porque são capazes de causar mutações que podem transformar as células uterinas em células cancerígenas.
É preciso deixar claro que nem todos os tipos de HPV aumentam as chances de ter câncer de colo uterino. O vírus é comum e quase todas as pessoas sexualmente ativas entrarão em contato com ele ao longo da vida. Geralmente ele é transitório e se cura sozinho, espontaneamente, entre seis meses e dois anos após a exposição. No entanto, quando a lesão é persistente e não identificada, pode causar o câncer cervical.
Para prevenir a doença, o Ministério da Saúde, em 2014, implementou no calendário vacinal a imunização contra o HPV para meninas, e em 2017 para meninos. Hoje, meninas de 9 a 14 anos e meninos entre 11 e 14 podem se vacinar, prevenindo a transmissão e infecção pela doença.
As vacinas que protegem contra o HPV são recomendadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e foram aprovadas em diversos países. Segundo a Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (INCA), elas são seguras, eficazes e fundamentais para eliminar esse tipo de tumor. Em alguns lugares do mundo, como a Austrália, a incidência do câncer de colo de útero vem caindo devido a vacinação em crianças, que começou há uma década
Para a maioria das mulheres com câncer de colo do útero, a cirurgia é a melhor opção de tratamento, principalmente se o câncer for diagnosticado precocemente, a lesão for pequena e não tiver se espalhado para outras partes do corpo. Nesse caso, somente a retirada da lesão é feita, sem comprometer o útero ou outros órgãos. O tipo de tratamento, no entanto, dependerá do estágio da doença, que varia de 0 a IV.
Caso o tumor esteja em estágios mais avançados, a histerectomia – cirurgia de retirada do útero – pode ser necessária. Há ainda a possibilidade de tratamento com quimioterapia, radioterapia ou hormonioterapia. O médico ginecologista ou oncologista definirá qual é o melhor tratamento, sempre analisando cada caso.
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