No Brasil, estima-se que uma a cada quatro mulheres que dão à luz experimentam sintomas da depressão pós-parto. As alterações mais perceptíveis desse quadro combinam modificações físicas, emocionais e comportamentais no período posterior (número que varia entre quatro e seis semanas) ao nascimento do bebê. Com isso, é possível que a mãe manifeste:
É claro que nem toda mulher com depressão pós-parto experimenta exatamente os mesmos problemas. Além disso, muitos desses sintomas pode ser parte daquilo que se chama de baby blues, que também provoca mudanças no humor, mas a tende a desaparecer à medida que o tempo passa. Seja como for, é recomendado procurar ajuda profissional sempre que:
Com o tratamento adequado é possível reverter o quadro de depressão pós-parto e impedir que o problema interfira na relação entre mãe e filho. Sem isso, a mulher pode ir progressivamente se sentido mais insegura a respeito do cuidado com o bebê, o que no longo prazo pode afetar o seu desenvolvimento.
É natural que nos primeiros dias após o nascimento do bebê a mãe sinta-se numa montanha russa de emoções. Dessa forma, é possível que a mulher intercale momentos de alegria e satisfação com instantes de tristeza, irritação e ansiedade. Muito disso se dá por conta das alterações hormonais que acontecem no organismo feminino ao longo da gravidez, depois do parto e com o início da amamentação. São essas primeiras semanas que recebem o nome de baby blues.
Todavia, com o passar do tempo, a perspectiva é que tudo se estabilize, inclusive com a ajuda da rede de apoio da mulher que acabou de dar à luz. Em média, isso pode demorar até seis semanas. Tais oscilações nessa etapa da maternidade são perfeitamente esperadas e os sintomas percebidos se resolvem por conta própria, sem qualquer intervenção.
Já a depressão pós-parto é caracterizada por sintomas com maior grau de intensidade e, sobretudo, que persistem mesmo com o passar das semanas após o nascimento do bebê, impedindo que a mulher retome suas atividades de rotina e cuide do seu filho. Como já mencionado, costuma-se considerar no diagnóstico um intervalo de até seis semanas.
De todo modo, com isso, é possível que a doença interfira na amamentação, essencial ao desenvolvimento infantil. Em casos raros, a progressão dos sintomas de depressão pós-parto pode se acentuar e gerar quadros ainda mais graves. A psicose pós-parto é um exemplo de complicação associada a tal condição e pode exigir intervenção imediata diante do risco à integridade da mãe e do bebê.
Assim como outros transtornos psiquiátricos, acredita-se que a depressão pós-parto seja resultado de uma combinação de fatores. Entretanto, como já destacado, a oscilação hormonal nesse período parece desempenhar papel considerável na evolução dos sintomas. Contudo, é preciso levar em conta os diversos aspectos físicos e emocionais e o contexto social (como a situação financeira ou histórico de exposição a traumas) da mãe que acabou de ter seu filho.
Nesse sentido, a falta de apoio do parceiro e dos familiares pode sobrecarregar a mulher em um momento que, por si só, já costuma ser bastante sensível e estressante. Histórico de depressão pós-parto em gestação anterior ou de outro transtorno psiquiátrico também costumam ser fatores de risco importantes.
Assim sendo, a prevenção da depressão pós-parto passa essencialmente pela organização de um ambiente onde a mãe tenha espaço para dividir tarefas e cuidar de si mesmo após a chegada da criança.
Dessa forma, é possível manter hábitos saudáveis que também contribuem com o bem-estar psíquico. Entre eles estão dormir adequadamente, se alimentar de forma equilibrada e praticar exercícios físicos regularmente.
Por fim, vale destacar que homens que acabam de se tornar pais podem conviver com sintomas similares ao da depressão pós-parto quando a criança vem ao mundo. Há evidências de que até 10% deles podem experimentar sensações como raiva, frustração e culpa nos primeiros meses após o nascimento do bebê.
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As opções de tratamento mais indicadas para um quadro de depressão pós-parto envolvem a combinação de psicoterapia e medicamentos antidepressivos. Todavia, nos casos mais leves, a psicoterapia pode ser indicada de forma isolada como primeira opção. Suporte de parceiros e familiares e mudanças no estilo de vida também contribuem com a melhora do quadro.
Seja como for, a escolha pela medicação depende sempre de uma avaliação cuidadosa do médico. Além de eventuais efeitos colaterais comuns desses remédios, é necessário avaliar o risco de exposição do bebê aos fármacos, já que resíduos deles podem ser eliminados no leite materno. Por isso, é preciso discutir se os benefícios da introdução dos medicamentos superam esses riscos.
Em suma, mães, parceiros e familiares devem ficar atentos aos sintomas da depressão pós-parto e procurar ajuda sempre que sentir que as coisas não vão bem. A maternidade é certamente um momento de incertezas e descobertas, mas que não precisam de mais esse obstáculo.
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