Qual a relação entre saneamento básico e saúde?

Homem lavando as mãos com água corrente, saindo de um cano de água ao ar livre

Vários riscos ao nosso bem-estar estão associados a determinados fatores ambientais e sociais. O maior exemplo disso talvez seja a relação entre saneamento básico e saúde, uma vez que habitar um local sem acesso a esse serviço básico tende a piorar muito a qualidade de vida de uma pessoa, por uma série de motivos.

Dessa forma, é preciso compreender como a falta de água potável e do recolhimento e tratamento adequado do esgoto, entre outros recursos essenciais, causa prejuízos à saúde e como investir nessa área gera benefícios para a sociedade como um todo.

Por que saneamento básico e saúde caminham sempre juntos?

Para reforçar a importância do saneamento básico para a saúde, vale a pena começar com uma pergunta: você já pegou ou conhece alguém que tenha sofrido com cólera? Se você mora em uma região com água encanada e tratamento de esgoto, a chance de que isso tenha acontecido é bem menor.

A cólera se dissemina por água contaminada pelo Vibrio cholerae, a bactéria responsável pela doença. Para que isso aconteça, uma pessoa doente precisa eliminar suas fezes em um local em que esses resíduos atinjam a água, que posteriormente será bebida ou contaminará alimentos consumidos por outras pessoas.

Ou seja, a chance de a doença se disseminar é muito maior nos locais onde as instalações sanitárias são precárias, inclusive no que diz respeito às necessidades básicas. Desse modo, o saneamento básico deve prover, no mínimo:

  • Água potável e segura para o consumo de forma contínua.
  • Coleta e destinação adequada de resíduos sólidos (lixo doméstico).
  • Tratamento adequado do esgoto produzido nas casas, comércios e indústrias.
  • Melhorias sanitárias nas residências associadas à proliferação de vetores e disseminação de outras doenças (como o que acontece com a doença de Chagas, cujo inseto que transmite a enfermidade se multiplica com mais facilidade em habitações inadequadas).

Quais outras doenças associadas à falta de saneamento básico?

A cólera é apenas um exemplo de doenças cuja frequência pode ser agravada pela falta de acesso a um serviço eficiente de saneamento básico. Entre outros exemplos disso estão:

  • Diversos tipos de diarreia (que por mais inofensivas que pareçam, causam mortes até hoje, principalmente em países mais pobres).
  • Dengue e outras doenças transmitidas por mosquitos que se reproduzem em água parada.
  • Febre tifoide.
  • Hepatite A.
  • Esquistossomose (conhecida como “barriga d’água”).
  • Ascaridíase (a popular “lombriga”).
  • Tracoma, um parasita que se aloja nos olhos.
  • Doenças respiratórias (como a tuberculose, em que o aspecto social e ambiental favorece a disseminação da infecção).

Veja também: As principais causas de diarreia e quando esse problema deve despertar preocupação

Quais os desafios do saneamento básico no Brasil?

Embora a relação entre saneamento básico e saúde seja bastante relevante, muito ainda precisa ser melhorado no Brasil para que tal direito básico esteja disponível para todos os brasileiros. Alguns números mostram como o cenário está aquém do ideal:

  • Apenas 53,2% contavam com coleta de esgoto e 46,3% tinham o serviço de tratamento desses resíduos no mesmo período. Na prática, isso significa que mais de 90 milhões de brasileiros não têm acesso ao serviço de coleta de esgoto. Com isso, são despejadas todos os dias mais de 5 mil piscinas olímpicas de esgoto sem o devido tratamento direto na natureza, de acordo com o Instituto Trata Brasil.

Ainda considerando o ano de 2022, os dados disponíveis mostram que foram registradas 191 mil internações por conta de doenças transmitidas pela água.

Logo, ignorar a relação entre saneamento básico e saúde pode ampliar as despesas com saúde. Ou seja, é mais barato investir para oferecer o serviço para o restante da população do que remediar os problemas causados pela falta dessa infraestrutura. Estima-se, por exemplo, que a cada 1 R$ de investimento nessa área, os sistemas públicos de saúde economizam no mínimo 4 R$.

Aproveite agora para saber mais sobre como as questões sociais e ambientais influenciam na disseminação da doença de Chagas.