04/12/2024

De que forma a doação de medula óssea ajuda a salvar vidas?

Duas mãos dadas em sinal de ajuda por doação de medula óssea

Várias condições de saúde podem exigir que o paciente receba uma doação de medula óssea. No entanto, encontrar um doador compatível nem sempre é tarefa fácil. Em determinados casos, mesmo parentes muito próximos (pais e irmãos, por exemplo) não atingem os parâmetros necessários para que o procedimento seja realizado.

Por isso, incentivar regularmente o cadastro de novos doadores é fundamental para superar essa barreira e permitir que o método continue ajudando na recuperação de quem precisa. Diante disso, nos próximos tópicos esclarecemos as principais dúvidas sobre esse tema.

O que é, para que serve e onde está a medula óssea

Em linhas gerais, a medula óssea é uma substância com textura de gelatina que compõe o interior dos ossos longos, localizados em regiões como as vértebras, as costelas e as pernas. Na linguagem popular, ela é chamada de “tutano”.

Porém, mais importante do que a aparência ou a localização da medula é a sua função. A todo momento, esse material atua produzindo novas células que compõem o sangue, como plaquetas e glóbulos brancos e vermelhos, essenciais para a coagulação sanguínea, manutenção das defesas do organismo e o transporte de oxigênio e nutrientes.

Assim, disfunções nessa estrutura do organismo podem, entre outras coisas, comprometer a imunidade e causar formas severas de anemia, geralmente associadas a condições mais graves.

Doenças que geralmente precisam de um transplante de medula

O transplante tem como objetivo substituir a medula incapaz de produzir as células necessárias por uma nova que possa assumir essa função vital. Logo, o procedimento é necessário diante de condições que afetam diretamente o seu funcionamento, como:

  • Alterações hematológicas (ou seja, no sangue), como anemia de Fanconi, anemias aplásicas e aplasias medulares, em que a produção de células se torna deficiente.
  • Quadros oncológicos, como as leucemias, mielomas múltiplos e linfomas de Hodgkin e não-Hodgkin.
  • Situações em que o paciente apresenta imunodeficiência acentuada, seja de forma congênita (desde o nascimento) ou adquirida.

Após identificada a necessidade de transplante, busca-se um doador compatível. Mas, o paciente afetado ainda precisa passar por duas etapas até concluir o procedimento.

A primeira delas envolve a administração de medicamentos que destruirão a medula comprometida. E, em um segundo momento, ele recebe as novas células de medula por meio de um processo similar a uma transfusão de sangue.

Nesse intervalo, a imunidade pode ficar bastante comprometida, então uma série de cuidados de assepsia (métodos de higienização para prevenir infecções por microrganismos) e o isolamento são necessários até a recuperação plena.

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A importância do cadastro de doadores de medula

De acordo com o Ministério da Saúde, o Brasil contava, no final de 2022, com 5,5 milhões de pessoas cadastradas como possíveis doadores, o terceiro maior registro em todo o mundo. Essa lista é gerenciada por um cadastro chamado Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea, o Redome.

Com isso, o órgão federal aponta que a chance de encontrar alguém compatível é de até 88% ainda na fase inicial de busca. Na maioria dos casos, isso faz dessa lista a melhor chance de achar um doador.

Mas, para que esse número se mantenha constante (e continue crescendo), é preciso que aqueles que preencham as características necessárias se cadastrem como doadores em potencial. Esse processo agiliza o rastreio dos indivíduos até determinar a efetiva compatibilidade.

O passo a passo para se tornar um possível doador de medula óssea

Para fazer parte da listagem de pessoas dispostas a doar é preciso procurar o hemocentro mais próximo e se cadastrar. A lista de estabelecimentos habilitados pode ser consultada no site do Redome.

No entanto, é necessário também atender alguns requisitos para seguir em frente no processo. Eles incluem:

  • Ter entre 18 e 35 anos (apesar de, posteriormente, poder doar até os 60 anos);
  • Apresentar boa condição de saúde geral.
  • Não ser diagnosticado com nenhuma doença que restrinja o transplante (infecção por HIV, hepatites, histórico de câncer, alterações metabólicas e disfunções imunes, entre outras).

Além dos dados individuais (número de documentos, endereço, telefone etc.), exige-se ainda a coleta de uma amostra de 10 ml de sangue para o Teste de Tipagem HLA, que é o indicador que determina a compatibilidade para as doações. Essa etapa é indolor e bem rápida. Após a checagem, as informações de cada voluntário ficam armazenadas na base do Redome.

Quando os dados de um doador e um receptor se cruzam, novos testes são solicitados para confirmar a compatibilidade e garantir que o estado de saúde de quem fornecerá a medula óssea permite o transplante.

Concluídas essas preparações prévias, é feita a coleta do material. Isso se dá por meio de:

  • Punção lombar, em que uma agulha é inserida no osso da bacia para alcançar uma porção da medula;
  • Ou aférese, que permite a remoção dessas células “filtrando” o sangue do doador.

Independentemente do método, todo o processo de doação da medula óssea é conduzido com o consentimento do indivíduo, que a todo momento é informado sobre os possíveis riscos e cuidados para cada etapa desse atode solidariedade.

Se você quer aproveitar a visita ao hemocentro e também doar sangue, não vá embora sem antes conferir quais são os requisitos para isso.