É possível prevenir o câncer infantil? Veja a resposta para essa e outras dúvidas

Criança sendo atendida por profissional da saúde

De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), estima-se que no triênio 2023-2025, quase oito mil crianças e adolescentes de até 19 anos serão diagnosticadas com algum tipo de câncer. Ainda de acordo com a entidade, essa é a primeira causa de morte por doença e a segunda de óbitos por qualquer outra motivação nessa faixa etária, atrás apenas dos acidentes. Nesse cenário, é normal que todos se perguntem se é possível prevenir o câncer infantil.

Essa resposta pode não ser tão simples, mas certamente pode ajudar pais e cuidadores a reforçar a atenção a alguns aspectos que certamente fazem toda a diferença, sobretudo na hora de procurar ajuda especializada.

Quais os tipos de câncer infantil mais comuns?

Quando falamos em câncer, seja qual for a faixa etária, estamos nos referindo a um grupo de mais de 100 doenças. Elas têm em comum o fato de serem desencadeadas pelo acúmulo de processos que fazem com que as células de determinada parte do corpo proliferem-se descontroladamente. Com o tempo, esses erros de replicação podem se espalhar e afetar o organismo como um todo.

De acordo com o Ministério de Saúde, no Brasil os tipos de câncer que mais afetam crianças são as leucemias (que atingem as células da medula óssea e do sangue), os linfomas (que se proliferam no sistema linfático) e alguns tipos de tumor no sistema nervoso central. Além desses quadros, outros tipos de câncer que podem atingir pacientes infantis são:

  • Neuroblastomas (que afetam células do sistema nervoso periférico).
  • Tumores de Wilms (que atingem os rins).
  • Retinoblastomas (que se desenvolvem nos olhos).
  • Tumores germinativos (que tem origem nas células que dão origem aos ovários e os testículos).
  • Osteossarcomas (tumores nos ossos)
  • Sarcomas (tumores em tecidos moles).

Embora cada tipo de tumor possa evoluir de forma própria, em geral os tumores infantis têm características celulares diferentes daqueles que afetam adultos. Em resumo, é comum que eles sejam formados por células que não amadurecem, mas que se multiplicam de forma mais rápida. Entretanto, essa diferenciação faz desses tumores um alvo mais fácil para os tratamentos quimioterápicos, ampliando a chance de cura.

Veja também: Saiba o que são doenças raras e conheça uma lista de enfermidades pouco comuns.

Afinal, existe forma de prevenir o câncer infantil?

De forma geral, a maioria dos casos de câncer é resultado de uma interação complexa de fatores. Logo, às vezes é muito difícil isolar determinados aspectos e apontar categoricamente o que provoca ou não a doença.

Ainda assim, em adultos, costuma-se associar alguns hábitos e comportamentos a um maior risco de ter alguns tipos de câncer. É o que acontece, por exemplo, com quem fuma: já se sabe há algumas décadas que o tabagismo é um fator de risco evitável do câncer de pulmão, entre outros.

Em paralelo, algumas alterações herdadas geneticamente podem também favorecer o risco de a doença aparecer em algum momento da vida. Esse cenário pode ser ilustrado por mulheres que carregam mutações em certos genes associados à possibilidade de desenvolver um câncer de mama. Embora existam medidas profiláticas, costuma-se dizer que esse é um fator de risco não modificável.

No entanto, quando falamos em forma de prevenir o câncer infantil, a situação muda um pouco de figura. Com isso, as chances de algum comportamento influenciar na chance de uma criança ter a doença são bem menores. A exceção são situações em que há exposição demasiada a fontes de radiação (geralmente necessária para tratar outro tumor).

Além disso, mais raramente, algumas mutações genéticas também podem estar associadas a determinados tumores infantis. De qualquer maneira, quando elas são identificadas a tempo, o médico responsável pode sugerir medidas profiláticas ou de rastreamento preventivo da doença.

Em suma, o que é preciso sempre ter em mente é que na maioria dos casos, salvo os cuidados de praxe com a saúde (alimentação, vida fisicamente ativa, vacinação, etc), quase nada pode ser feito para prevenir um câncer infantil.

O que pode fazer a diferença em quadros de câncer em crianças?

No entanto, ainda que não seja possível atuar para prevenir um câncer infantil, isso não significa cruzar os braços. Algumas iniciativas podem facilitar o diagnóstico precoce do problema, o que amplia bastante a chance de tratamentos de sucesso.

Portanto, ainda que possa ser difícil até mesmo desconfiar de um caso de câncer em crianças, pais e cuidadores podem ficar atentos a alguns sinais e sintomas que podem orientar a busca por ajuda especializada. Entre os principais deles estão:

  • Febre sem causa aparente e que não melhora.
  • Dor (nos ossos, por exemplo) que vai piorando com o passar do tempo.
  • Dor de cabeça constante, possivelmente acompanhada de vômitos.
  • Manchas roxas pela pele, vermelhidão na forma de pontinhos ou palidez.
  • Nódulos ou inchaços pelo corpo.
  • Comprometimento da visão ou a percepção de reflexos esbranquiçados nos olhos, sobretudo na pupila (que fica no centro do olho).
  • Perda de peso repentina e sem explicação.

Mesmo que algumas dessas manifestações lembrem doenças comuns da infância, é importante observá-las com cuidado redobrado principalmente se elas forem persistentes e não tiverem outra explicação. Dessa forma, ainda que seja difícil prevenir um câncer infantil, desconfiar desses sinais pode ser o primeiro passo para investigar uma condição possivelmente séria, mas que pode ser tratada com boas chances de sucesso.

É importante ressaltar que um acompanhamento periódico ao pediatra pode ajudar os pais a avaliarem seus filhos corretamente, e identificarem possíveis alterações que não passam despercebidas aos olhos de um profissional de saúde. De modo geral, a Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda que os pais levem o seu filho ao pediatra com determinada frequência, reduzindo as consultas conforme orientação médica após avaliação do desenvolvimento da criança.

Para saber mais sobre alguns dos sintomas específicos de alguns dos tipos mais comuns de câncer infantil, acesse esse outro conteúdo aqui do blog.