Todo esforço conjunto ao redor do mundo permitiu a ampliação do acesso a formas cada vez mais efetivas de tratamento da Aids. Isso leva às pessoas vivendo com HIV uma perspectiva de maior longevidade com um bom nível de qualidade de vida.
De acordo com dados do Ministério da Saúde, até o final de 2023 cerca de 1 milhão de brasileiros viviam com a condição.
Hoje em dia, o quadro é classificado como uma infecção crônica. Na prática, isso significa que a Aids não pode ser plenamente curada, mas pode ser controlada, evitando complicações graves e impedindo a continuidade da cadeia de transmissão do vírus.
A Aids é a doença desencadeada pelo vírus da imunodeficiência humana, popularmente conhecido como HIV. Ele ataca as células do sistema imunológico, tornando as defesas do organismo deficientes e com mais dificuldade de oferecer proteção contra invasores.
Além do contato sexual desprotegido, o HIV pode ser transmitido de mãe para filho durante a gestação e pelo compartilhamento de materiais e instrumentos contaminados com sangue infectado.
A partir dos anos 80, a disseminação da Aids e um melhor entendimento sobre suas causas e formas de transmissão ganharam mais velocidade. No entanto, por muito tempo os diagnosticados contavam com poucos recursos à disposição.
Assim, as perspectivas eram limitadas e o corpo sofria cada vez mais com o comprometimento do sistema imune, o que abria espaço para as chamadas infecções oportunistas (a tuberculose é um exemplo clássico disso).
O cenário só mudou com a introdução do AZT (ou zidovudina), o primeiro fármaco registrado para tratamento da Aids. Embora contivesse a proliferação do patógeno, ele tinha efeitos colaterais significativos.
Tal barreira foi pouco a pouco superada nos anos 1990 com o desenvolvimento de novos medicamentos que, em conjunto, formavam o que ficou conhecido como “coquetel”.
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De acordo com o Unaids (Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids), desde 2010, a mortalidade mundial pela infecção por HIV caiu 56% entre mulheres e 47% entre homens, ambos os dados abrangendo todas as faixas etárias.
Esses ganhos não são explicados por um único fator, mas a combinação de várias circunstâncias que atuaram para que a Aids alcançasse o patamar de doença tratável.
O período de latência do HIV (o intervalo entre a transmissão e o desenvolvimento da Aids) pode ser bastante longo. Por isso, identificar precocemente quem está vivendo com essa condição ajuda a introduzir o tratamento o quanto antes.
No entanto, os testes mais convencionais para captar a presença do vírus dependem de uma estrutura laboratorial nem sempre acessível. Por isso, as ferramentas de testagem rápida chegaram para garantir uma avaliação ágil e prática.
A maioria desses testes é feita com uma única gota de sangue, colocada em uma plaquinha de plástico. Em cerca de 30 minutos, o resultado aparece. A partir disso, o indivíduo testado pode receber uma orientação profissional para o acompanhamento necessário, incluindo novas avaliações e a eventual necessidade de tratamento.
Os já citados coquetéis foram apenas o primeiro passo na ampliação da disponibilidade de tratamentos capazes de controlar a proliferação do HIV no organismo.
Com o passar dos anos, o número de comprimidos necessários ao dia foi caindo, junto com os possíveis efeitos colaterais de cada fármaco. Atualmente, alguns pacientes conseguem manter o tratamento com apenas uma dose diária.
As perspectivas para um futuro próximo são ainda melhores, com novas alternativas que prometem reduzir essa necessidade a apenas uma aplicação injetável periódica.
Seja como for, o objetivo é o mesmo: ao limitar a multiplicação viral, as pessoas tratadas se tornam “indetectáveis“. No jargão médico, isso significa que a carga viral circulando por aquele organismo é próxima de zero, diminuindo também o risco de transmissão.
O diagnóstico e o tratamento da Aids não foram os únicos a ganharem novos aliados. Sua prevenção também foi outra estratégia beneficiada com vários avanços. Os maiores exemplos disso são as terapias de pré (chamada de PrEP) e pós-exposição (a PEP).
A PrEP envolve a introdução de determinados medicamentos em pessoas com maior risco de entrar em contato com o vírus, reduzindo as chances de infecção.
Já a PEP inclui a administração de determinados fármacos após um possível contato desprotegido com uma pessoa HIV positiva (se possível, logo nas primeiras horas) para diminuir a probabilidade de que o quadro infeccioso se instale.
Se utilizados de forma correta, principalmente em conjunto com outras medidas de proteção (quando possível), as ações de profilaxia são muito eficientes. Mas, o uso adequado desse recurso depende de uma avaliação profissional, que orienta a necessidade conforme as circunstâncias de cada situação.
Contudo, independentemente de qualquer melhoria na prevenção e no tratamento da Aids, vale sempre reforçar e lembrar que o uso de preservativos (masculinos ou femininos) em todas as relações sexuais ainda é a forma mais acessível e eficiente de proteger você e os demais.
Por falar nisso, entenda melhor quais outras iniciativas podem contribuir na prevenção da Aids e de outras infecções sexualmente transmissíveis.