Desastres ambientais, períodos de crise e tragédias impactam diretamente a saúde mental. Alguns estudos estimam um aumento de transtornos emocionais como depressão, ansiedade e estresse em populações que passam por situações de crise.
Alguns dos desastres ocorridos no Brasil, como o rompimento da barragem em Brumadinho (MG) e em Mariana (MG), foram estudados considerando os impactos sobre a saúde física e mental da população atingida.
Segundo a Fiocruz, em Brumadinho houve uma preocupação quanto ao agravamento de doenças crônicas e os impactos sobre a saúde mental. Apesar dos esforços para atender a população atingida, foi difícil fornecer o atendimento necessário para pacientes hipertensos, diabéticos e que necessitam de hemodiálise, por exemplo.
A desassistência às pessoas que necessitam de cuidados especiais, associada à perda de familiares, amigos e bens materiais durante o desastre causaram danos emocionais significativos.
Impactos das tragédias sobre a saúde mental
Um estudo da UFMG dois anos após a tragédia em Mariana (MG) constatou que quase 30% da população atingida apresentava sintomas associados à depressão. Esse índice é quase 5 vezes maior do que o observado no restante da população em território nacional. Além disso, 32% apresentaram transtorno de ansiedade com prevalência três vezes superior à população brasileira em geral.
Além da depressão e da ansiedade, o estudo avaliou transtorno de estresse pós-traumático, risco de suicídio e abuso de substâncias ilícitas, álcool e tabaco. Para todos esses aspectos, houve uma maior prevalência após os acontecimentos, evidenciando o impacto das tragédias sobre a saúde mental, saúde física e hábitos cotidianos.
Também há maior risco de ocorrer acidentes vasculares cerebrais (AVCs) na população, devido ao estresse, perda de bens materiais e luto por amigos e familiares.
1. Depressão
Segundo a Organização Pan-Americana de Saúde, a depressão é um transtorno causado pela combinação de fatores genéticos, biológicos, ambientais e psicológicos. Estima-se que menos da metade das pessoas que sofrem com o transtorno receba tratamento. Além disso, pessoas com depressão têm maior risco de desenvolver doenças cardiovasculares. Por isso, a organização reforça que não existe saúde, sem saúde mental.
2. Ansiedade
3. Transtorno de estresse pós-traumático
O estresse pós-traumático é um distúrbio que ocorre após situações de violência ou situações traumáticas. As categorias de estresse pós-traumático são: pensamentos recorrentes do trauma, isolamento social e hiperexcitabilidade psíquica (aumento dos batimentos cardíacos, suor, tontura, irritabilidade e outros).
4. Risco de suicídio
Em 2019, o suicídio foi responsável por 1 a cada 100 mortes e 58% dos casos foram de pessoas com menos de 50 anos. Devido ao estigma e preconceito, muitas pessoas em risco de suicídio não buscam apoio e tratamentos especializados.
5. Abuso de substâncias
Momentos de ameaça à vida, como tragédias e mais recentemente a pandemia da COVID-19, também aumentam o consumo de substâncias como álcool, tabaco, maconha, crack, cocaína e outras drogas. Quase 32% das pessoas internadas por traumas no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina (HC/FM-USP) apresentava traços de consumo de substâncias com potencial de vício. O álcool, a cocaína e a maconha são, nessa ordem de prevalência, as substâncias mais encontradas no sangue de pacientes traumatizados.
Como cuidar da saúde mental após tragédias
Após a tragédia de Mariana, as mineradoras e o governo criaram a Fundação Renova. Essa instituição sem fins lucrativos é a responsável por gerir reparos decorrentes da tragédia. Isso inclui reparos ambientais, estruturais na cidade e assistência à saúde física e mental.
Em Brumadinho, o governo de Minas Gerais coordenou atendimento médico psicossocial a todos os sobreviventes da tragédia, articulando psicólogas e assistentes sociais no acolhimento dos atingidos e dos familiares.
O governo ainda ressaltou que a assistência psicossocial deve ser prioridade após tragédias e desastres ambientais. É essencial a prevenção do estresse pós-traumático e dos casos de ansiedade generalizada e depressão.
Pensando nisso, a OMS implementou o Plano de Ação Integral de Saúde Mental (2013–2030) que faz recomendações sobre mudanças em atitudes sobre a saúde mental. As recomendações incluem investimentos em programas de prevenção a desordens psicológicas e reforço à rede de atenção pública no cuidado e atenção à saúde mental.
Busque ajuda psicossocial
Considerando, portanto, a forma como as tragédias afetam a saúde mental, a psicoterapia é essencial para auxiliar o paciente a lidar com a ansiedade, trauma, fobia e qualquer outra desordem emocional ocasionada após um desastre.
As consultas com o psicólogo auxiliam o indivíduo a lidar com as situações adversas e com os sentimentos negativos. A psicoterapia é o primeiro passo para conseguir superar o luto, o estresse pós-traumático e outros aspectos após tragédias sobre a saúde mental.
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