O que é a doença de Chagas e como ela é transmitida?

Você sabe o que é a doença de Chagas? Não é raro que essa resposta seja negativa. Esse se trata de um problema de saúde negligenciado, principalmente nas áreas urbanas. Apesar disso, tal enfermidade tem o potencial para desencadear complicações graves ou mesmo ameaçar a vida de quem sofre com ela.

Nesse cenário, a Organização Mundial de Saúde (OMS) escolheu o 14 de abril como o Dia Mundial da Doença de Chagas. O objetivo é ampliar a conscientização sobre a importância da prevenção, da detecção ágil e do tratamento adequado da condição. Pensando nisso, nos tópicos abaixo, esclarecemos os pontos essenciais sobre o tema.

Como funciona o ciclo de transmissão da doença de Chagas?

A doença de Chagas é uma infecção causada pelo Trypanosoma cruzi. Esse é um protozoário que se aloja no organismo humano geralmente a partir da picada do Triatominae, inseto popularmente conhecido em várias partes do Brasil como “barbeiro”. Mais raramente, o parasita pode invadir o corpo pela ingestão de alimentos como o caldo de cana ou o açaícontaminados com as fezes do inseto ou por transmissão vertical (de mãe para filho).

Como curiosidade, cabe ressaltar que a doença recebe esse nome por conta do médico brasileiro Carlos Chagas. Em 1909, ele descreveu a doença causada pelo até então desconhecido protozoário como sendo transmitida pelo ‘barbeiro’.

Para transmitir a doença, primeiro o “barbeiro” deve picar um ser humano previamente infectado com o Trypanosoma cruzi. A partir disso, enquanto esse inseto suga o sangue das suas próximas vítimas, ele pode liberar fezes infectadas sob a pele da pessoa. De modo geral, a contaminação é facilitada pelo ato de coçar a pele, o que permite a penetração do patógeno. Além disso, o contato com o protozoário presente nas fezes do inseto pode se dar pelas mucosas, pelos olhos e pelo nariz.

Uma vez dentro do organismo, o Trypanosoma cruzi começa a se multiplicar e afetar várias células do corpo.

Como se dá a evolução dessa enfermidade?

O processo infeccioso da doença de Chagas é dividido geralmente em dois estágios: agudo e crônico. Seja como for, muitos dos infectados com o Trypanosoma cruzi permanecem até mesmo décadas sem manifestar qualquer sintoma da doença de Chagas, o que recebe o nome de fase crônica indeterminada. De que qualquer forma, vale ter em mente que:

• Na fase aguda, os pacientes apresentam sintomas entre uma e duas semanas após o contato com o protozoário. Entre os sinais e sintomas mais comuns estão a febre, mal-estar, falta de apetite e inchaço no local da picada do inseto, bem como ao redor de um dos olhos.
  
  
• Já na fase crônica, os parasitas deixam de circular pelo sangue, mas podem se alojar em órgãos do sistema digestório e no coração. Tal situação pode perdurar por anos, de forma silenciosa. Todavia, no longo prazo, parte dos infectados (algo em torno de 20% e 30%) desenvolverá alterações cardíacas (como a insuficiência cardíaca congestiva) e gastrointestinais graves, que podem levar à morte.

Anualmente, estima-se que sejam identificados entre 30 e 40 mil novos casos da doença de Chagas em todo o mundo, enquanto até 7 milhões de pessoas convivem com a infecção pelo protozoário. A maioria delas está na América Latina. Ao mesmo tempo, são registradas anualmente cerca de 10 mil mortes por complicações provocadas pelo Trypanosoma cruzi.

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A doença de Chagas tem prevenção e tratamento?

Durante a fase aguda, o diagnóstico da doença de Chagas pode ser feito por meio de exames laboratoriais, que identificam a presença do Trypanosoma cruzi na circulação sanguínea. Com a detecção precoce, medicamentos antiparasitários podem ser prescritos com mais chance de sucesso.

Entretanto, à medida que a infecção se prolonga e avança em direção à fase crônica, a efetividade desses fármacos cai. Desse modo, quanto mais jovem o paciente e quanto mais cedo a terapia for iniciada, maiores as probabilidades de eliminar o protozoário do corpo e evitar as complicações futuras associadas à doença de Chagas. Por conta disso, as campanhas sobre o tema reforçam a importância de que o diagnóstico seja feito o mais cedo possível.

Não existe vacina disponível para prevenir a doença de Chagas. Logo, evitá-la depende, sobretudo, do controle do inseto “barbeiro”. Para isso, é importante a implementação de medidas como o uso de inseticidas específicos nas áreas afetadas e a melhoria das condições de habitação. O inseto vetor costuma se alojar nas frestas de telhados e paredes, sobretudo de casas feitas de taipa, pau-a-pique e madeira. No mais, é preciso reforçar o rastreamento de novos casos nas áreas endêmicas.

Embora possa ser uma enfermidade rara dependendo da região em que você vive, entender melhor o que é a doença de Chagas é importante para conhecer melhor quais são os mecanismos de transmissão e ter uma consciência maior sobre os riscos que essa infecção pode oferecer.

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