Nos últimos meses, muito se ouviu falar sobre endometriose. A repercussão sobre o tema aconteceu porque a cantora Anitta revelou ter sido diagnosticada com a doença. Após 9 anos sofrendo com dores e desconfortos, Anitta passou por uma cirurgia minimamente invasiva feita via videolaparoscopia para tentar ter uma melhor qualidade de vida. Mas afinal, o que é endometriose?
Considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) um problema de saúde pública, a endometriose é uma condição ginecológica crônica na qual o endométrio – tecido que reveste a parede interna do útero – cresce fora da cavidade uterina, causando uma inflamação.
A doença é considerada uma modificação no funcionamento normal do organismo porque as células que revestem o endométrio, ao invés de serem expelidas durante a menstruação, se movem no sentido contrário. Isso faz com que elas se alojem nos ovários, bexiga e até intestino, gerando dores, sintomas intestinais e uma piora na qualidade de vida das mulheres acometidas pelo problema.
De acordo com a OMS, cerca de 190 milhões de mulheres no mundo todo sofrem com o problema, que não tem as causas totalmente esclarecidas. Mas, muitas vezes, por falta de conhecimento sobre a doença, as mulheres acabam não procurando um médico quando os sintomas se manifestam.
Como saber se tenho endometriose? Conheça os sintomas
A endometriose pode se manifestar de diversas formas. Apesar de algumas mulheres não apresentarem sintomas, a doença é conhecida principalmente por gerar dores no período menstrual e desconfortos durante as relações sexuais. Isso significa que toda mulher que sofre com cólicas tem endometriose? Não! Veja abaixo alguns dos sintomas mais comuns:
- Sangramento fora do período menstrual;
- Dor e sangramento ao urinar e evacuar, principalmente durante a menstruação;
- Dor durante as relações sexuais;
- Cólicas menstruais excessivas;
- Dores pélvicas fora do período menstrual;
- Dificuldade para engravidar;
- Dificuldade para evacuar ou diarreia persistente;
- Sensação de fadiga;
- Ciclo menstrual muito intenso ou irregular.
Como diagnosticar endometriose? Veja os principais exames
Por ser uma condição com sintomas variados, que podem ser confundidos com os de outras doenças, muitas vezes o diagnóstico de endometriose acaba sendo tardio, como no caso da cantora Anitta.
Pesquisas apontam que o diagnóstico costuma demorar de 6 a mais de 10 anos. Isso acontece porque, além dos sintomas poderem ser confundidos, muitas mulheres acreditam que é normal sentir dor no período menstrual. A endometriose também não costuma aparecer nos exames ginecológicos de rotina, o que dificulta ainda mais seu diagnóstico.
Por isso, em uma consulta, é importante dizer todos os sintomas para o médico. Dessa forma, ele pode indicar exames específicos para detectar a doença. Veja os principais exames que podem ser feitos para detectar a endometriose.
Exame de sangue CA125
Quando há suspeita de endometriose, o exame de CA125 é indispensável. Isso porque a endometriose está associada ao aumento do fator CA125 no sangue. Quando está com dosagem elevada, a suspeita para a doença pode aumentar. Vale lembrar que muitas pacientes com endometriose não apresentam alteração do CA125. Por isso, esse exame deve ser feito de maneira complementar aos exames de imagem.
Exame vaginal e retal
Esse procedimento, também conhecido como exame de toque, é ideal para detectar possíveis alterações, como massas e cistos, que podem indicar a presença de endometriose.
Ultrassom transvaginal
Muito usado para identificar cistos e infecções, esse procedimento tem como objetivo analisar, com precisão, os órgãos e estruturas pélvicas gerais. Ele é capaz de avaliar o canal vaginal, colo do útero, útero, endométrio, trompas de Falópio e os ovários da mulher
Ressonância magnética
A ressonância magnética traz imagens mais detalhadas do que uma ultrassonografia. Pode ser usada tanto para fazer o diagnóstico inicial quanto para acompanhar a fase de tratamento quando já há um diagnóstico positivo da condição. Além de ajudar a detectar a doença, o exame ajuda a observar o desenvolvimento e possível evolução da endometriose
Videolaparoscopia
Esse exame é ideal para visualizar as lesões e, assim, fazer a detecção da endometriose. O procedimento também é utilizado para a realização do tratamento da doença. Ele é feito com o uso de uma microcâmera inserida na região pélvica da mulher através de pequenos cortes abdominais.
Endometriose tem cura? Conheça os tratamentos
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, ainda não existe cura para a endometriose. No entanto, existem diversas opções de tratamentos que podem ajudar as pacientes a terem mais qualidade de vida e até conseguirem engravidar.
O tratamento, quando feito de forma precoce, pode retardar ou até impedir a progressão natural da doença. Por isso é tão importante ter o diagnóstico o mais rápido possível. Para tratar a endometriose, é possível usar medicamentos ou recorrer à cirurgia. Tudo vai depender de alguns fatores como idade, gravidade da doença, desejo de engravidar, entre outros.
Tratamento com uso de medicamentos
O principal objetivo do tratamento com medicamentos (ou tratamento clínico) é o de aliviar as dores e outros sintomas da endometriose. Para isso, pode ser indicado o uso contínuo de pílula anticoncepcional ou remédios anti-hormonais para interromper o ciclo menstrual. Com o tratamento clínico, a ovulação é evitada, fazendo com que a inflamação do tecido endometrial que está crescendo em outras cavidades seja reduzida. O tratamento através desses medicamentos só é indicado em casos em que a paciente não tem o desejo de engravidar.
Tratamento nutricional
Comer bem aumenta a disposição, previne doenças e melhora a qualidade de vida, por isso, a comida deve ser uma aliada no tratamento da endometriose. Uma alternativa para reduzir a inflamação do endométrio é recorrer a uma alimentação saudável e nutritiva em conjunto com outros tratamentos. A adoção de hábitos alimentares saudáveis pode gerar uma boa resposta do organismo, sendo uma excelente forma de complementar o tratamento. Aumentar o consumo de peixes, frutas vermelhas, frutas cítricas, castanhas e legumes verdes ajuda a diminuir a inflamação, consequentemente, os sintomas da doença. O consumo de chás com propriedade analgésica, como chá de camomila ou gengibre, também pode ser uma boa opção para aliviar a dor e melhorar a qualidade de vida da paciente.
Tratamento cirúrgico
Indicado principalmente nos casos mais graves, o tratamento cirúrgico geralmente é feito através da videolaparoscopia. Este procedimento, considerado simples e minimamente invasivo, é feito através de pequenas incisões perto do umbigo que permitem a entrada dos instrumentos, entre eles, uma câmera, para a remover os focos da endometriose. Essa cirurgia permite uma recuperação mais rápida e menos dolorosa.
Outra possibilidade de tratamento cirúrgico é através da histerectomia, um procedimento definitivo feito para retirar o útero, que também pode incluir a retirada das trompas adjacentes e do ovário. O tipo de cirurgia a ser realizada depende da gravidade das lesões, da evolução do quadro e da escolha da paciente. Ela costuma ser indicada quando nenhum outro tratamento para curar a endometriose teve sucesso.
Endometriose x Infertilidade
Quem tem endometriose pode engravidar? Muitas mulheres que sofrem com a condição têm essa dúvida. Segundo a Sociedade Brasileira de Endometriose, mais de 30% dos casos da doença levam à infertilidade. Por que isso acontece? Porque, muitas vezes, a endometriose acomete as trompas de falópio, órgão que conduz o óvulo ao útero, dificultando ou até impedindo que ele seja fecundado.
Porém, isso não significa que todas as mulheres que sofrem com a condição são inférteis. A doença nem sempre impede a gestação, apenas dificulta a ocorrência dela em alguns casos. Mesmo com endometriose, a paciente pode engravidar espontaneamente, mesmo que, para isso, precise passar por um tratamento clínico. Em alguns casos, é preciso fazer inseminação intrauterina ou fertilização
Por isso o diagnóstico precoce é tão importante, já que, quanto antes o tratamento é iniciado, maior é a chance de retardar a doença e ter uma gestação sem complicações. É importante consultar um profissional especializado para saber quais os tratamentos ideais para cada caso. Dessa forma, é possível não só ter a possibilidade de engravidar, mas também ter uma melhor qualidade de vida.
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